Como falamos no post anterior, a marca de sucesso do seu negócio é o que chamamos de retorno do investimento.
Retornar o investimento significa que mensalmente sua empresa devolve parte do investimento que você fez inicialmente ou durante a vida da empresa. Esta parte que retorna, que paga o investimento feito, é o lucro acumulado no período.
Verdadeiramente, o negócio só é viável se for capaz de retornar ou devolver o investimento realizado. Daí surge a expressão taxa interna de retorno. Significa o porcentual, como se fosse uma prestação mensal, que sua empresa paga mensalmente, referente ao investimento feito.
Como comparação mais imediata, o negócio é bom se gerar uma taxa de retorno superior ao que outro investimento proporcionaria para você.
Como exemplo simbólico, imagine uma empresa que necessitou de um investimento inicial de R$ 31 mil esteja proporcionando um lucro mensal de R$ 3.088,24. Ela está proporcionando um retorno de 10% ao mês.
Como chegar nesta conclusão? Faça a conta para entender melhor:
Com uma taxa de retorno sobre o investimento de 10,0% ao mês, significa que os R$ 31 mil investidos serão totalmente recuperados em 10 meses.
Desconsiderando a comparação de riscos entre as possibilidades de investimento existentes no mercado, não é fácil encontrar um investimento com taxa de retorno superior ao nosso exemplo simbólico.
O que nos leva a concluir que a empresa simbolicamente representada em nosso exemplo traduz um bom negócio. Mas isto nos abre uma outra questão importantíssima, que é a sua necessidade de renda.
A necessidade de renda do empresário é outro fator que causa muito insucesso nas empresas. É preciso entender o “dinheiro da família” de forma diferente do “dinheiro da empresa”.
As micro e pequenas empresas geralmente são empresas familiares, administradas e operacionalizadas pelos membros de uma mesma família. Sua operacionalização costuma ocupar integralmente o tempo das pessoas, exigindo dedicação exclusiva.
Também é normal que a renda destas pessoas venha exclusivamente deste empreendimento. E aí é que “mora o perigo”: é muito comum as pessoas confundirem a necessidade familiar de renda com a possibilidade de remuneração da empresa para com as pessoas que trabalham nela.
São duas coisas completamente diferentes. Então, cuidado: o fato de a família se dedicar à operação da empresa não significa que o negócio conseguirá sustentar a família. A empresa poderá apenas gerar recursos compatíveis com a natureza do negócio, compatíveis com o investimento realizado.
Uma empresa gera dois tipos de recursos para os proprietários (sua farmácia também):
✓ Salários – para os membros da família que forem empregados da empresa, e pró-labore para os sócios que trabalharem na empresa.
✓ Lucro – para ser distribuído aos sócios após apuração do resultado.
Os salários nunca deverão ser superiores àquilo que se pagaria para empregados não familiares na mesma função. Além disso, a empresa não deve ser utilizada para empregar familiares cujo trabalho que prestarem seja desnecessário.
Da mesma forma, o pró-labore, o pagamento que o dono ou sócio recebe por trabalhar na empresa. Se o sócio não trabalhar, não deve receber pró-labore. O valor do pró-labore também não deve ser superior ao salário que seria pago a um funcionário que desempenhasse a mesma função.
Então, em nosso exemplo anterior, suponhamos que a empresa tenha dois sócios trabalhando na empresa. Cada um retira, por mês, R$ 1 mil como pró-labore.
Mensalmente a empresa tem gerado lucro de R$ 3.088,24, distribuído entre os sócios em partes iguais de R$ 1.544,12. Assim, cada sócio recebe da empresa R$ 2.544,12, ou seja, R$ 1 mil de pró-labore mais R$ 1.544,12 de
lucro distribuído.
Mas estes sócios têm despesas familiares superiores a R$ 4 mil cada um. De onde eles completarão a necessidade pessoal de renda?
Com certeza não será da empresa, pois se retirarem da empresa ela se tornará inviável. Veja, no entanto, que a empresa de nosso exemplo é muito lucrativa. Ela consegue pagar 10% ao mês ao investimento realizado. O que garante a cada sócio R$ 1.544,12 mais o pró-labore.
Mesmo que estejam integralmente dedicados ao negócio, os sócios não podem
retirar dinheiro do caixa da empresa, baseado na sua necessidade de renda individual.
Cada empresa e cada investimento tem um limite de geração de recursos para os sócios, independentemente de suas necessidades.
Consideramos que nesta nossa empresa fictícia:
Receita de vendas (-) total de gastos, isto é:
R$ 30.882,40 – R$ 27.794,16 = lucro bruto de R$ 3.088,24.
Este é o lucro que pode ser distribuído aos sócios. E não nos esqueçamos: parte deste lucro deveria ser reinvestido na empresa em modernização ou expansão.
Então, de onde os sócios retirarão mais dinheiro para completar a renda que desejam?
Perceba que se os sócios retirarem mais dinheiro certamente faltará para pagar alguma conta. Pode ser que no dia a dia isto não seja percebido, se for intenso o fluxo de entrar dinheiro com as vendas e sair dinheiro com pagamento de contas.
Mas é assim que surge o tal “rombo” nas contas da empresa. Esta prática, em poucos dias, resulta na geração de dívidas sem condições de serem saldadas.
Caso haja, nesta empresa que utilizamos como exemplo, retirada acima do possível, acontecerá o seguinte:
✓ Não pagarão fornecedores, que é uma conta do custo variável, com R$ 19.919,16;
✓ Não pagarão o aluguel, que é uma conta de despesa fixa, com R$ 4.725,00;
✓ Ou ainda, não pagarão algum imposto, que é uma conta das despesas variáveis, com R$ 3.150,00.
Qualquer valor a mais que for retirado para pagar alguma conta da família criará um desfalque na empresa, e isso resultará em dívidas. Se as dívidas acumularem, a empresa será inviável e terá que fechar as portas.
Em resumo, você precisa decidir sobre a origem da renda familiar que você vai precisar, pois pode ser que não consiga retirar o que precisa dos resultados de sua farmácia, mesmo que ela seja viável e lucrativa. Se retirar da empresa mais do que ela pode dar, você quebrará a empresa em poucos meses.
Entre os vários instrumentos de gestão que precisará adotar em sua empresa para ajudá-lo a tomar decisões corretas com relação ao dinheiro, dois são fundamentais: fluxo de caixa e apuração de resultados. Assunto para o próximo artigo, não percam!
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