Dando continuidade no assunto do artigo da semana passada, hoje vamos detalhar os serviços farmacêuticos, começando pela Atenção Farmacêutica.

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Atenção Farmacêutica

A atenção farmacêutica tem como principais objetivos a melhora da saúde e da qualidade de vida dos pacientes. Para tanto, ela contribui para a prevenção, detecção e resolução de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM), bem como auxilia na promoção do uso racional de medicamentos.

Atenção Farmacêutica Domiciliar

Esse serviço pode empregar todas as práticas da atenção farmacêutica utilizadas nas farmácias e drogarias, porém ocorre dentro da residência do paciente e conta com a vantagem de possibilitar a realização do acompanhamento da farmacoterapia e a elaboração de um plano de adesão adaptados aos fatores sociais e familiares nos quais o paciente está inserido.

Atuando junto com a equipe multiprofissional de saúde, o farmacêutico tem o importante papel de prevenir e identificar PRM, bem como se responsabilizar pela orientação dos usuários quanto ao uso correto dos medicamentos, o que garante maior adesão ao tratamento.

Contudo, para a prestação desse serviço, o estabelecimento deverá contar com dois ou mais farmacêuticos, de modo a assegurar a assistência farmacêutica no local, inclusive no período em que um deles se ausentar para prestar assistência domiciliar, pois, nos termos do inciso I, artigo 6º da Lei nº 13.021/14 e artigo 3° da RDC Anvisa nº 44/2009, as farmácias e drogarias deverão dispor da assistência de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento.

Ainda segundo o parágrafo único, artigo 68, da RDC Anvisa nº 44/2009, a prestação de atenção farmacêutica domiciliar por farmácias e drogarias somente é permitida a estabelecimentos licenciados e autorizados pelos órgãos sanitários competentes.

Administração de Medicamentos

1. Injetáveis

A aplicação de medicamentos injetáveis é um serviço rotineiramente prestado em farmácias e drogarias. De acordo com a RDC Anvisa nº 44/2009, deverá estar expresso na licença de funcionamento do estabelecimento, nos moldes dos demais serviços descritos na norma (CRF-SP, 2010b).

Os medicamentos injetáveis são indicados quando, por diversos motivos, o paciente fica incapacitado de deglutir a forma farmacêutica oral, quando se espera um efeito imediato ou quando a absorção pelos tecidos está comprometida. Eles podem ser administrados por via intramuscular, subcutânea, intradérmica e intravenosa. A via intravenosa não será tratada nesse manual.

Equipamentos/Materiais necessários:

  • Algodão;
  • Álcool 70% ou álcool swab;
  • Soro fisiológico 0,9%;
  • Curativo para punção (pad);
  • Gaze;
  • Luvas descartáveis;

Procedimentos

  1. Ler, interpretar e avaliar a prescrição médica, principalmente quanto à dosagem e via de administração;
  2. Buscar junto ao paciente e/ou seu responsável informações referentes ao seu histórico fisiopatológico e possíveis reações alérgicas;
  3. Anotar no livro específico e na Declaração de Serviços Farmacêuticos todos os dados da prescrição e aplicação;
  4. Certificar-se dos seguintes aspectos sobre o paciente: não estar em jejum ou alcoolizado; encontrar-se no estado físico normal; presença de doença crônica (ex.: Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS – e Diabetes mellitus – DM);
  5. Caso o paciente tenha histórico de variação de PA, esta deverá ser aferida antes de qualquer procedimento. Se os níveis de PA estiverem fora da normalidade, o paciente deverá ser orientado e encaminhado ao médico;
  6. Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
  7. Lavar e fazer antissepsia das mãos utilizando técnica apropriada;
  8. Colocar as luvas descartáveis;
  9. Realizar a assepsia da ampola ou do frasco ampola;
  10. Abrir a embalagem da seringa utilizando o sistema de descolamento (separar o papel do plástico) evitando rasgar o papel da embalagem;
  11. Escolher a agulha adequada de acordo com a via e o tipo de substância, retirar o protetor após a abertura da ampola, evitando contaminação;
  12. Fazer a certificação de que o dispositivo de segurança fique na lateral do cilindro;
  13. Fazer a lubrificação do cilindro;
  14. Certificar-se de que a agulha está bem conectada ao cilindro;
  15. Desconectar o protetor da agulha;
  16. Aspirar o medicamento;
  17. Abaixar o embolo e promover um leve toque no cilindro, para certificar-se de que não ficou nenhuma bolha de ar;
  18. Fazer o preenchimento do espaço morto do canhão da agulha, tomando cuidado para que não haja perda do medicamento;
  19. Observar visualmente e por palpação (pedir licença ao paciente) se não há sinais de endurecimento, marcas de outras aplicações, presença de nódulos, tatuagens, cicatrizes, lesões cutâneas, ferimentos, hematomas ou inflamações no local. Caso seja observada presença de qualquer um destes sinais, deve-se procurar outra região para aplicação;
  20. Iniciar a aplicação de acordo com a via de administração definida previamente.

a) Via intramuscular

Serão apresentadas duas técnicas de aplicação para essa via de administração.

Técnica Simples

  1. Escolher a área de aplicação e realizar a antissepsia com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
  2. Esperar secar;
  3. Distender a pele do local da aplicação com o dedo indicador e o polegar, mantendo a mão firme;
  4. Verificar se o bisel da agulha está no sentido das fibras musculares, a fim de evitar seus cortes;
  5. Introduzir a agulha em um ângulo de 90° no local da aplicação;
  6. Antes de injetar o medicamento, puxar o êmbolo da seringa para trás, a fim de verificar se a agulha atingiu algum vaso sanguíneo. Se, por acaso, houver vestígio de sangue na seringa, a agulha deve ser retirada e trocada; deve-se  repetir os itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6;
  7. Injetar o medicamento;
  8.  Após a aplicação do medicamento, esperar aproximadamente 5 segundos, retirar o conjunto e descartá-lo em recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
  9. Fazer pressão por alguns instantes no local, com algodão;
  10. Se necessário, colocar o pad no local da aplicação;
  11. Descartar as luvas e algodão na lixeira apropriada.

* Orientar o paciente a jamais massagear o local após a aplicação.

Locais de aplicação:

  • Atualmente utiliza-se o músculo glúteo, pois ele é amplo e adequado para aplicação em adultos e crianças acima de dois anos de idade. A aplicação é feita nos quadrantes superiores externos dos glúteos, evitando-se o trajeto do nervo (deve-se traçar linha imaginária do início do sulco interglúteos até o quadril e dividir ao meio com uma linha vertical, tendo assim quatro quadrantes).
  • Outra região indicada para aplicação segura e quase indolor em adultos, idosos e crianças, mas pouco utilizada devido à falta de conhecimento pelos profissionais de saúde, é a região ventroglútea (músculos dos glúteos na sua porção lateral). Com o paciente em pé, deve-se encostar a mão esquerda no quadril direito do paciente e vice-versa. A palma da mão deve ser colocada na altura da cabeça do fêmur, o dedo indicador deve estar na crista ilíaca e o dedo médio afastado, formando um triângulo. A aplicação deve ser feita no centro do triângulo.

Técnica em Z

É a técnica ideal para evitar o refluxo do medicamento para a camada subcutânea, evitando assim o aparecimento de manchas escuras de longa permanência e difícil remoção (como substâncias à base de ferro).

  1. Escolher um dos quadrantes superiores externos dos glúteos e realizar a antissepsia com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
  2. Esperar secar;
  3. Com os dedos da mão espalmada, repuxar firmemente a pele, mantendo-se assim durante todo o tempo de administração. Somente soltar a pele após a retirada da agulha;
  4. Introduzir a agulha profundamente em ângulo de 90 º;
  5. Antes de injetar o medicamento, verificar se a ponta da agulha não atingiu algum vaso sanguíneo. Se, por acaso, houver vestígio de sangue na seringa. a agulha deve ser retirada e trocada; deve-se repetir os itens 1, 2, 3, 4 e 5;
  6. Injetar lentamente o medicamento, esperar 10 segundos e retirar rapidamente a agulha.
  7.  Soltar a pele que estava sendo repuxada pelos dedos da outra mão; Observação: com estas manobras, os planos superficiais (pele e tecido subcutâneo) voltam à posição original e o canal formado pela agulha assume um trajeto irregular (em Z), que impede o refluxo do produto.
  8. Após a aplicação do medicamento, retirar o conjunto e descartá-lo em recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
  9. Fazer pressão por alguns instantes no local, com algodão;
  10. Se necessário, colocar o pad no local da aplicação.
  11. Descartar as luvas e algodão na lixeira apropriada.

b) Via subcutânea

  1. Escolher a área de aplicação e realizar a antissepsia com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
  2. Esperar secar;
  3. Promover uma prega subcutânea e mantê-la até o final da aplicação;
  4. Segurar o corpo da seringa como se fosse um lápis;
  5. Introduzir a agulha com rapidez e firmeza, em ângulo de 45° a 90°;
  6. Antes de injetar o medicamento, soltar a pele e puxar o êmbolo da seringa para trás, para verificar se algum vaso foi atingido. Se, por acaso, houver vestígio de sangue na seringa, a agulha deve ser retirada e trocada, e deve-se repetir os itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6;
  7. Injetar lentamente o medicamento;
  8. Após a aplicação do medicamento, aguardar de 5 a 10 segundos, retirar o conjunto e descartá-lo em recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
  9. Fazer pressão por alguns instantes no local, com algodão;
  10. Se necessário, colocar o pad no local da aplicação;
  11. Descartar as luvas e algodão na lixeira apropriada.

Locais de aplicação:

  • Face posterior do braço (3 dedos abaixo da axila e 3 dedos acima do cotovelo);
  • Glúteos (quadrantes superiores externos);
  • Coxas (frontal e lateral, 3 dedos abaixo da virilha e 3 dedos acima do joelho);
  • Abdômen (lateral direita e esquerda, distante 3 dedos do umbigo).

c) Via intradérmica

  1. Escolher a área de aplicação;
  2. Realizar a antissepsia com soro fisiológico 0,9% ou lavar com água e sabão, pois a presença de álcool pode comprometer o resultado de teste alérgico ou efeito da vacina administrada;
  3. Secar com algodão ou gaze;
  4. Distender a pele do local de aplicação;
  5. Introduzir a agulha em ângulo de 0 a 15°. Para correta penetração do medicamento na derme, deve-se manter o ângulo mais curto, próximo a 0°, pois, quanto maior o ângulo, maior a probabilidade de atingir o tecido subcutâneo;
  6. Antes de injetar o medicamento, deve-se realizar aspiração para verificar se a agulha atingiu algum vaso sanguíneo. Se, por acaso, houver vestígio de sangue na seringa, a agulha deve ser retirada e a aplicação interrompida. Realizar descarte de todo o material e repetir os itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6;
  7. Injetar o medicamento;
  8. Observar a formação de pápula. Importante: não se deve apertar ou massagear o local;
  9. Após aplicação, retirar o conjunto e descartá-lo em recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
  10. Descartar as luvas e algodão na lixeira apropriada.

Após a administração do medicamento injetável, independentemente
da via de administração, deve-se entregar a Declaração de Serviços
Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.

Próxima semana…

Esse tema tem assunto, na semana que vem continuaremos falando sobre os serviços farmacêuticos! Não percam!

Fonte: CRF – SP

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