Os anti-inflamatórios estão entre os medicamentos mais prescritos no mundo, devido a sua diversidade de indicações.
Atualmente, o farmacêutico se apresenta como o membro da equipe de saúde mais acessível e, frequentemente, é a primeira fonte de assistência e aconselhamento em cuidados gerais de saúde, por isso, tem o importante papel de promover o uso correto de medicamentos e deve orientar o paciente desde o perigo da automedicação até os cuidados que devem ser tomados para a eficácia e segurança do tratamento.
É imprescindível que o farmacêutico conheça as propriedades farmacoterapêuticas dos anti-inflamatórios para que possa orientar o paciente
corretamente.
Responsabilidades na dispensação dos anti-inflamatórios
De acordo com a Resolução nº 417/04 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que aprova o Código de Ética da Profissão Farmacêutica, o farmacêutico é um profissional da saúde; por isso, deve executar todas as atividades de seu
âmbito profissional de modo a contribuir para a salvaguarda da saúde pública e, ainda, participar ativamente de ações de educação dirigidas à comunidade
na promoção da saúde.
O farmacêutico, no exercício de sua profissão, poderá responder administrativa, civil e criminalmente, quando seus atos ou atos de terceiros sob sua supervisão proporcionarem prejuízos ao paciente, pois responde também por erros cometidos por sua equipe (responsabilidade solidária).
Vale destacar que, em levantamento realizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) em farmácias e drogarias
do Estado de São Paulo no ano de 2012, foi constatada a ocorrência de práticas inadequadas relacionadas à dispensação de medicamentos, como a venda de medicamentos sob prescrição médica sem a devida apresentação da receita, o
que caracteriza um ato ilegal e antiético.
Dispensação
Como a dispensação é um ato técnico e a escolha do medicamento não pode, em nenhuma hipótese, estar associada a qualquer tipo de interesse ou vantagem financeira, é importante ressaltar também que o farmacêutico, no exercício da profissão, não pode estar sujeito a pressão ou ser obrigado a cumprir metas de vendas de medicamentos.
Nesse sentido, destacamos os artigos 8º e 9º do Código de Ética da Profissão Farmacêutica, aprovado pela Resolução CFF nº 417/04 (BRASIL, 2004):
Art. 8° – A profissão farmacêutica, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, não pode ser exercida exclusivamente com objetivo comercial.
Art. 9° – Em seu trabalho, o farmacêutico não pode se deixar explorar por terceiros, seja com objetivo de lucro, seja com finalidade política ou religiosa.
Obrigações do farmacêutico
- Da conduta ilícita de um profissional podem advir consequências nas esferas civil, administrativa e criminal.
- Um profissional pode ser absolvido pela justiça criminal e apenado no processo ético disciplinar, pois se tratam de esferas distintas. Além disso, um fato pode ser caracterizado como falta ética, ainda que não seja crime.
- O profissional pode também responder eticamente por omissão no exercício profissional.
- O farmacêutico deve manter-se sempre atualizado sobre a legislação vigente aplicável a sua área de atuação.
- Ao protocolar assunção como Responsável Técnico (RT) ou Farmacêutico Substituto no CRF-SP, o farmacêutico pode solicitar informações sobre a situação da empresa (relacionada ao exercício profissional) na qual ele está assumindo a função e sobre os resultados das fiscalizações do CRF-SP
já realizadas no local. Dessa forma, poderá promover imediatamente os ajustes necessários para que o estabelecimento fique regularizado. Este programa criado pelo CRF-SP, é denominado “RT Consciente”.
Fisiopatologia da inflamação
A inflamação é conhecida desde a Antiguidade e suas manifestações clínicas são classicamente constituídas pelos seguintes sinais e sintomas:
- Calor: decorrente do aumento da temperatura corporal local;
- Rubor/vermelhidão: causado por um aumento do fluxo sanguíneo local (hiperemia);
- Edema: inchaço ocasionado pela saída de fluidos dos vasos;
- Dor: provocada pela liberação de substâncias químicas;
- Perda da função: perda de função orgânica ou alterações funcionais do tecido lesado.
De forma simplificada, pode-se dizer que o processo inflamatório ocorre a partir de lesão tecidual por agentes agressores físicos, químicos ou biológicos que induzem a liberação de mediadores químicos pelas células de defesa ou do próprio tecido.
Os agentes agressores desencadeiam respostas características que ocorrem em três fases distintas, mediadas aparentemente por diferentes mecanismos:
- Fase transitória aguda: vasodilatação local e aumento da permeabilidade local;
- Fase subaguda tardia: infiltração dos leucócitos e células fagocíticas; e
- Fase proliferativa crônica: degeneração tecidual e fibrose.
O processo inflamatório envolve diversos mediadores, a saber:
- Mediadores químicos, como bradicinina (BK), histamina, leucotrienos e anafilatoxinas, que aumentam a permeabilidade vascular;
- Mediadores lipídicos, como tromboxanos, prostaglandinas e leucotrienos, que participam do processo de vasodilatação e aumento da permeabilidade
vascular; - Citocinas, que induzem efeitos locais, tais como indução da expressão de moléculas de adesão e de quimiocinas, facilitando a migração
de leucócitos, e efeitos sistêmicos como a indução de proteínas de fase aguda, levando à febre; - Quimiocinas, que realizam a quimiotaxia de leucócitos;
- Opsoninas, que facilitam a fixação de células fagocitárias (neutrófilos e macrófagos).
O que é a inflamação?
A inflamação é uma resposta protetora dos tecidos cujo objetivo é eliminar a causa da lesão, assim como as células e substâncias decorrentes deste processo.
Atua no controle de infecções e reparo tecidual, mas também pode causar danos ou doenças. Pode ser aguda ou crônica, sendo que:
- A inflamação aguda possui início rápido e curta duração, de minutos a dias, é caracterizada pela exsudação de líquidos e proteínas plasmáticas e acúmulo de células fagocitárias da resposta imune inata;
- A inflamação crônica pode durar de dias a anos e é associada à proliferação vascular e fibrose (cicatrização). Uma característica marcante é a presença de inflamação e destruição tecidual simultaneamente ao reparo, ao contrário do que ocorre no processo agudo.
O uso inadequado de anti-inflamatórios pode mascarar infecções e até mesmo inibir a resposta orgânica ao agente invasor, piorando o quadro. Por isso, quando houver suspeita de infecção, o farmacêutico deverá desencorajar o paciente a utilizar medicamentos por conta própria e aconselhá-lo a procurar um profissional habilitado.
Cabe lembrar que a automedicação é desaconselhável independente da patologia.
Fonte: CRF/SP
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