E para finalizar a nossa série de artigos sobre os serviços farmacêuticos, hoje vamos falar sobre Aferição de PA, Hipertensão Arterial Sistêmica, Hipotensão Postural e Aferição de glicemia capilar.
Aferição de PA
A PA é a pressão que o sangue exerce na parede das artérias. A PA varia de acordo com fatores como idade, estado emocional, temperatura ambiente, posição postural (em pé, deitado, sentado), estado de vigília ou sono e uso de drogas (fumo, álcool, entre outros).
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
A HAS se define clinicamente como a elevação persistente da PA acima dos limites considerados normais.
A elevação da PA ocorre pela redução do calibre das arteríolas e por uma combinação de fatores funcionais e estruturais. A HAS pode ser causada pela produção aumentada de fatores pressores e/ou pela produção deficiente de fatores depressores.
Ela desencadeia várias alterações estruturais no sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo hipertensivo, quanto causam dano cardiovascular. Os valores que classificam os indivíduos acima de 18 anos em normotensos ou hipertensos estão descritos na tabela abaixo.
- Classificação da PA de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)
Nota: Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA.
Fonte: SBC; SBH; SBN, 2010.
Hipotensão Postural
Segundo Filho et al. (2002), hipotensão postural é definida como:
Uma queda na pressão arterial de 20 mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10 mmHg ou mais na pressão diastólica, quando o indivíduo passa da posição supina para a ortostática.
É um problema clínico relativamente comum e que com frequência, cria situações desagradáveis para as pessoas a quem acomete. Algumas vezes se torna limitante e pode, até mesmo, ser causa de acidentes graves. Suas causas são múltiplas e variadas e, muitas vezes se somam e confluem num mesmo paciente.
Equipamentos/Materiais necessários:
- Esfigmomanômetro;
- Estetoscópio;
- Fita métrica;
- Álcool 70% ou álcool swab;
- Algodão;
- Recipiente apropriado para o descarte do material.
Procedimentos:
- Esclarecer o paciente sobre os procedimentos aos quais será submetido, a fim de diminuir a ansiedade. Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia. Em caso positivo, convidá-lo a ir ao banheiro;
- Certificar-se de que o paciente não praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos, não fumou nos últimos 30 minutos e não ingeriu bebidas alcoólicas ou café. Em caso positivo, o paciente deverá aguardar 60 minutos para a realização do procedimento;
- Posicionar o paciente em local calmo e confortável, permitindo 5 minutos de repouso.
- Instruir o paciente a não conversar durante a medida; dúvidas devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento;
- Orientar o paciente a permanecer sentado, com as pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado;
- Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
- Separar o material necessário;
- Certificar-se de que o estetoscópio e o esfigmomanômetro estejam íntegros e calibrados;
- Certificar-se de que o manguito esteja desinsuflado antes de ser ajustado ao membro do paciente;
- Descobrir o braço (ou retirar a blusa) e medir a circunferência para a escolha do manguito apropriado;
- Selecionar o tamanho ideal da bolsa de borracha do manguito a ser utilizada (deve corresponder a 40% da circunferência braquial, para a largura; e 80% para o comprimento). As dimensões da bolsa podem ser verificadas na tabela a seguir.
- Dimensões da bolsa de borracha do manguito conforme a circunferência do braço
- Medir a distância entre o acrômio (ombro) e o olecrano (cotovelo), colocando o manguito no ponto médio;
- Posicionar o braço ao nível do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente flexionado;
- Palpar a artéria braquial e centralizar a bolsa de borracha do manguito ajustando o meio da bolsa sobre a artéria, mantendo-a de 2 a 3 cm de distância da sua margem inferior à fossa antecubital, permitindo que tubos e conectores estejam livres e o manômetro em posição visível, sem deixar folgas. Para identificar o centro da bolsa, basta dobrá-la ao meio e colocar esta marcação sobre a artéria palpada;
- Com a mão “não dominante”, palpar a artéria radial e, simultaneamente,
com a mão dominante, fechar a saída de ar (válvula da pera do esfigmomanômetro), inflando rapidamente a bolsa até 70 mmHg, e gradualmente aumentar a pressão aplicada até que perceba o desaparecimento do pulso, inflando 10 mmHg acima deste nível; - Desinsuflar o manguito lentamente, identificando pelo método palpatório a PA sistólica;
- Aguardar 1 minuto para inflar novamente o manguito;
- Posicionar corretamente as olivas do estetoscópio no canal auricular, certificando-se da ausculta adequada na campânula (a posição correta das olivas do estetoscópio é para frente em relação ao diafragma, pois permite maior adequação ao conduto auricular, diminuindo a interferência de ruídos ambientais externos);
- Posicionar a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, palpada abaixo do manguito na fossa antecubital, sem compressão excessiva, e simultaneamente, com a mão dominante, fechar a saída de ar (válvula da pera do esfigmomanômetro), com a mão “não dominante” palpar a artéria braquial e, em seguida, novamente com a mão dominante, insuflar o manguito gradualmente até o valor da PA sistólica estimada pelo método palpatório e continuar insuflando rapidamente, até ultrapassar em 20 a 30 mmHg o nível estimado da PA sistólica;
- Desinsuflar o manguito lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo), identificando pelo método auscultatório a pressão sistólica (máxima) em mmHg, observando no manômetro o ponto correspondente ao primeiro ruído regular audível (fase I dos sons de Korotkoff, que é um som fraco seguido de batidas regulares);
- Aumentar ligeiramente a velocidade de deflação, com atenção voltada ao completo desaparecimento dos sons e identificando a pressão diastólica (mínima) em mmHg, observando no manômetro o ponto correspondente à cessação dos ruídos (fase V dos sons de Korotkoff, no adulto);
- Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som, para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa até que o manguito desinsufle por completo;
- Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero;
- Esperar de 1 a 2 minutos antes de novas medições;
- Retirar o aparelho do membro do paciente, deixando-o confortável;
- Guardar o aparelho em local adequado;
- Orientar o paciente sobre o resultado da aferição.
Após a aferição da PA, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.
Aferição de glicemia capilar
O DM engloba um grupo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia, resultado de defeitos na ação e/ou na secreção de insulina. É representado por um grupo de desordens associadas com anormalidades no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas e acompanhadas de complicações renais, oftalmológicas, neurológicas, além do risco aumentado de doença cardiovascular.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association – ADA) propõem as seguintes classes químicas: “tipo 1”, “tipo 2”, “gestacional” e “outros tipos específicos”.
Existe ainda outra condição clínica, chamada “pré-diabetes” ou, moderadamente, sob o título de categoria de “risco aumentado de DM”, que engloba as condições anteriormente denominadas “glicemia de jejum alterada” e “tolerância diminuída à glicose”.
Muitas vezes, o primeiro contato do farmacêutico com o paciente com DM ou risco aumentado de DM se dá durante a prestação do serviço de aferição da glicemia capilar. Embora a aferição realizada por este profissional não tenha o objetivo de diagnosticar a doença, a detecção de valores acima da normalidade requer uma orientação diferenciada, alertando para a necessidade de procurar um médico para uma avaliação. Além disso, a realização deste serviço farmacêutico auxilia no monitoramento da glicemia.
A tabela a seguir apresenta os valores de glicose plasmática (em mg/dL) para diagnóstico de DM e seus estágios pré-clínicos.
- Valores de glicose plasmática (em mg/dL) para diagnóstico de DM e seus estágios pré-clínicos
* Define-se jejum como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, oito horas.
** Glicemia plasmática casual é a realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
*** Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: deve-se sempre confirmar o diagnóstico de DM pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de
Equipamentos/Materiais necessários:
- Glicosímetro (equipamento de autoteste);
- Fita reagente ou fita teste;
- Lanceta;
- Lancetador;
- Luvas descartáveis;
- Algodão;
- Álcool 70% ou álcool swab;
- Recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
- Lixeira com pedal e tampa revestida com saco plástico padrão da ABNT.
Procedimentos:
- Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
- Verificar se o paciente fez uso de bebida alcoólica. Em caso positivo, orientar que a aferição não poderá ser realizada, pois o resultado sofrerá alteração;
- Separar o material necessário;
- Lavar e fazer antissepsia das mãos utilizando técnica apropriada;
- Colocar as luvas descartáveis;
- Retirar a fita teste da embalagem;
- Ligar o glicosímetro;
- Introduzir a fita teste no glicosímetro, evitando tocar na parte reagente;
- Orientar o paciente a lavar as mãos com água e sabão e secá-las bem;
- Realizar a antissepsia do local com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab, lembrando que o dedo deve estar totalmente seco para a realização da aferição;
- Escolher o local para a punção (o melhor é a lateral do ponta dos dedos, evitando a polpa digital);
- Realizar a punção utilizando o lancetador para colher uma gota de sangue;
- Esperar a formação da gota, segurando o dedo do paciente;
- Encostar a gota de sangue na área indicada;
- Manter a gota de sangue em contato com a ponta da fita teste, até o glicosímetro começar a realizar o teste;
- Descartar imediatamente a lanceta em recipiente adequado para descarte de materiais perfurocortantes;
- Limpar o dedo do paciente com algodão;
- Fazer pressão no local da punção por alguns instantes com algodão;
- Realizar a leitura do resultado;
- O glicosímetro desligará automaticamente após o término do exame;
- Descartar o material utilizado em saco branco leitoso: fita teste, luvas descartáveis e algodão;
- Lavar as mãos;
- Orientar o paciente sobre o resultado da aferição.
Após a aferição da glicemia capilar, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.
Fonte: CRF – SP
E hoje encerramos essa série de artigos sobre serviços farmacêuticos. Caso tenham perdido os artigos anteriores, clique para acessar a Parte 1, Parte 2 e Parte 3.
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