A atenção farmacêutica é o conjunto de ações, promovidas por um farmacêutico, em colaboração com os demais profissionais de saúde, que visam promover o uso racional dos medicamentos e a manutenção da efetividade e segurança do tratamento.
Dentro da atenção farmacêutica nós temos a Administração de Medicamentos, na semana passada falamos sobre a administração de injetáveis, hoje falaremos sobre a inalação e outros assuntos.
Caso tenham perdido os artigos anteriores, clique para acessa a Parte 1 e Parte 2.
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Administração de medicamentos
2. Inalação
A inaloterapia é um método utilizado para administração de medicamentos
diretamente nas vias aéreas inferiores, sendo este o local de ação desejado, ou apenas como meio para que o medicamento seja rapidamente absorvido e distribuído sistemicamente.
Considerando que as membranas respiratórias são mais delgadas do que a pele, em combinação com a vasta área de superfície alveolar e o bom suprimento de sangue pulmonar, o medicamento é rapidamente absorvido para a circulação sistêmica quando administrado por meio da inalação. Isso permite que as dosagens para inalação sejam menores, em comparação com a via oral, gerando menor incidência de efeitos adversos.
Equipamentos/Materiais necessários:
- Aparelho inalador;
- Copo para colocação de medicamento (descartável, no caso do inalador ultrassônico);
- Máscara (adequada ao paciente – infantil ou adulto);
- Extensor para inalador;
- Luvas descartáveis;
- Lenços descartáveis;
- Lixeira com pedal e tampa revestida com saco plástico padrão da ABNT;
- Recipiente com a descrição “contaminado” para armazenar o kit até sua limpeza e desinfecção (nos casos em que o kit não for descartável).
Procedimentos
- Preparar o material necessário;
- Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
- Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
- Colocar as luvas descartáveis;
- Montar o aparelho corretamente, conforme orientação do fabricante;
- Colocar o medicamento no copo apropriado (seguindo orientação do receituário médico);
- Conectar a máscara de inalação e mantê-la na posição vertical, para evitar perda do líquido;
- Verificar se o paciente está em uma posição adequada (orientá-lo a permanecer sentado com a cabeça erguida e com o tronco ereto);
- Ligar o aparelho;
- Conectar o copo do nebulizador e regular o fluxo de ar;
- Com o paciente confortavelmente posicionado, colocar a máscara de inalação adequadamente no paciente (cobrindo o nariz e a boca);
- Orientar o paciente a manter os olhos fechados durante a nebulização, para evitar irritação ocular;
- Esperar o tempo necessário (verificar no manual de instruções do aparelho) e verificar o copo do nebulizador (se o recipiente estiver quase vazio e não sair mais névoa, o tratamento estará finalizado);
- Retirar a máscara do paciente ao final do procedimento;
- Desligar o aparelho;
- Oferecer lenços descartáveis para o paciente limpar o rosto e orientá-lo a escovar os dentes ou enxaguar a boca e gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento que ficou depositada na cavidade oral;
- Descartar o kit de inalação (máscara, copo e extensor) e as luvas descartáveis na lixeira apropriada, na presença do paciente. Caso a vigilância sanitária local permita a desinfecção e reutilização do kit de inalação, ele deve ser colocado em recipiente devidamente identificado como contaminado, para ser limpo e desinfetado o mais breve possível;
- Orientar o paciente ou responsável quanto ao armazenamento do medicamento, quando cabível (nos casos em que houver sobra). O CRF-SP sugere que o farmacêutico efetue por escrito a orientação sobre a guarda e conservação do medicamento adquirido no estabelecimento sob sua responsabilidade técnica, nos casos em que houver a violação da embalagem primária para administração no local e o paciente levar a sobra para sua residência, conforme determina o artigo 76 da RDC Anvisa nº 44/2009.
Após a inaloterapia, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.
A seguir são indicados os procedimentos para desinfecção do kit de inalação:
- Puxar a máscara;
- Desrosquear o cabeçote do recipiente;
- Puxar o anteparo do recipiente;
- Lavar as peças com detergente neutro;
- Colocar as peças em um recipiente com solução germicida (encontrado em farmácias e drogarias). Atentar que geralmente o tempo mínimo de imersão na solução germicida é de 1 hora.
- As soluções germicidas devem ser trocadas diariamente, devendo ser registrados o horário de diluição e a validade;
- Enxaguar todas as peças em água corrente;
- Secar as peças com um pano limpo, macio e isento de fiapos.
Perfuração de lóbulo auricular
A perfuração de lóbulo auricular para a colocação de brincos possui finalidade estética, podendo ser realizada em todas as idades. Recomenda-se que o farmacêutico somente perfure o lóbulo auricular de menores de idade quando acompanhados de seu responsável legal, mediante a assinatura de um termo de consentimento. Não existe a obrigatoriedade desse termo na RDC Anvisa nº 44/2009.
Equipamentos/Materiais necessários:
- Aparelho para colocação (pistola) regularizado na Anvisa/MS;
- Brincos estéreis regularizados na Anvisa/MS;
- Luvas descartáveis;
- Algodão;
- Alcool 70% ou álcool swab;
- Caneta marcadora;
- Recipiente apropriado para descarte do material.
Procedimentos:
- Preparar o material necessário;
- Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
- Colocar as luvas descartáveis;
- Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
- Fazer a antissepsia do lóbulo auricular com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
- Fazer a demarcação com a caneta;
- Pedir que o usuário verifique se concorda com o local demarcado;
- Armar o aparelho (adaptação do brinco e tarraxa);
- Posicioná-lo no local demarcado (colocar a orelha entre o encaixe de tarraxa e o brinco, alinhando a ponta do pino do brinco com a marca na orelha);
- Disparar o aparelho;
- Orientar sobre procedimentos pós-perfuração.
Após a perfuração do lóbulo auricular, deve-se entregar a Declaração
de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.
Aferição de Temperatura Corporal
A temperatura corporal é a diferença entre a quantidade de calor produzida pelos processos corporais e a quantidade de calor perdida para o ambiente externo. Além disso, depende do local do corpo em que a temperatura é medida, hora do dia e nível de atividade do corpo.
Em humano, a temperatura corporal média é de 36,8 ºC, embora ela varie entre indivíduos e durante o dia.
Pode haver casos de aumento (febre) ou diminuição (hipotermia) da temperatura corpórea. No primeiro caso, a elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal é um mecanismo de defesa do corpo, fazendo parte de um processo patológico.
Desse modo, pode acarretar prejuízos em circunstâncias em que há aumento de consumo de oxigênio e do trabalho cardíaco em pacientes com doenças cardíacas, assim como quando ocorre a indução de crises convulsivas em crianças.
Já no segundo caso, pode haver sintomas como movimentos lentos, tempos de ração mais longo, mente confusa e alucinações. A tabela a seguir apresenta os parâmetros da temperatura axilar do corpo.
Tabela 1. Parâmetros da temperatura axilar do corpo
Ressaltamos que, no Estado de São Paulo, a utilização de termômetros de mercúrio foi proibida pela Lei Estadual nº 15.313/2014.
Equipamentos/Materiais necessários:
- Termômetro clínico;
- Algodão;
- Álcool 70% ou álcool swab;
- Lixeira com pedal e tampa revestida com saco plástico padrão da ABNT.
Procedimentos
- Preparar o material necessário;
- Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
- Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
- Fazer assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
- Esperar secar;
- Posicionar o termômetro abaixo da axila do paciente;
- Esperar o tempo necessário (média de 3 minutos – ou sinal sonoro);
- Promover a assepsia do termômetro antes de recolocá-lo na embalagem;
- Orientar o paciente sobre o resultado da aferição.
Após a aferição da temperatura corporal, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.
Próxima semana…
Na próxima semana encerraremos nossa série de artigos sobre atenção farmacêutica, falando sobre aferição de pressão, hipertensão arterial, etc.
Não percam!
Fonte: CRF – SP
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