A atenção farmacêutica é o conjunto de ações, promovidas por um farmacêutico, em colaboração com os demais profissionais de saúde, que visam promover o uso racional dos medicamentos e a manutenção da efetividade e segurança do tratamento.

Dentro da atenção farmacêutica nós temos a Administração de Medicamentos, na semana passada falamos sobre  a administração de injetáveis, hoje falaremos sobre a inalação e outros assuntos.

Caso tenham perdido os artigos anteriores, clique para acessa a Parte 1 e Parte 2.

*E a Parte 4 também já está no ar, clique para acessá-la!

Administração de medicamentos

2. Inalação

A inaloterapia é um método utilizado para administração de medicamentos
diretamente nas vias aéreas inferiores, sendo este o local de ação desejado, ou apenas como meio para que o medicamento seja rapidamente absorvido e distribuído sistemicamente.

Considerando que as membranas respiratórias são mais delgadas do que a pele, em combinação com a vasta área de superfície alveolar e o bom suprimento de sangue pulmonar, o medicamento é rapidamente absorvido para a circulação sistêmica quando administrado por meio da inalação. Isso permite que as dosagens para inalação sejam menores, em comparação com a via oral, gerando menor incidência de efeitos adversos.

Equipamentos/Materiais necessários:

  • Aparelho inalador;
  • Copo para colocação de medicamento (descartável, no caso do inalador ultrassônico);
  • Máscara (adequada ao paciente – infantil ou adulto);
  • Extensor para inalador;
  • Luvas descartáveis;
  • Lenços descartáveis;
  • Lixeira com pedal e tampa revestida com saco plástico padrão da ABNT;
  • Recipiente com a descrição “contaminado” para armazenar o kit até sua limpeza e desinfecção (nos casos em que o kit não for descartável).

Procedimentos

  1. Preparar o material necessário;
  2. Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
  3. Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
  4. Colocar as luvas descartáveis;
  5. Montar o aparelho corretamente, conforme orientação do fabricante;
  6. Colocar o medicamento no copo apropriado (seguindo orientação do receituário médico);
  7. Conectar a máscara de inalação e mantê-la na posição vertical, para evitar perda do líquido;
  8. Verificar se o paciente está em uma posição adequada (orientá-lo a permanecer sentado com a cabeça erguida e com o tronco ereto);
  9. Ligar o aparelho;
  10. Conectar o copo do nebulizador e regular o fluxo de ar;
  11. Com o paciente confortavelmente posicionado, colocar a máscara de inalação adequadamente no paciente (cobrindo o nariz e a boca);
  12. Orientar o paciente a manter os olhos fechados durante a nebulização, para evitar irritação ocular;
  13. Esperar o tempo necessário (verificar no manual de instruções do aparelho) e verificar o copo do nebulizador (se o recipiente estiver quase vazio e não sair mais névoa, o tratamento estará finalizado);
  14. Retirar a máscara do paciente ao final do procedimento;
  15. Desligar o aparelho;
  16. Oferecer lenços descartáveis para o paciente limpar o rosto e orientá-lo a escovar os dentes ou enxaguar a boca e gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento que ficou depositada na cavidade oral;
  17. Descartar o kit de inalação (máscara, copo e extensor) e as luvas descartáveis na lixeira apropriada, na presença do paciente. Caso a vigilância sanitária local permita a desinfecção e reutilização do kit de inalação, ele deve ser colocado em recipiente devidamente identificado como contaminado, para ser limpo e desinfetado o mais breve possível;
  18. Orientar o paciente ou responsável quanto ao armazenamento do medicamento, quando cabível (nos casos em que houver sobra). O CRF-SP sugere que o farmacêutico efetue por escrito a orientação sobre a guarda e conservação do medicamento adquirido no estabelecimento sob sua responsabilidade técnica, nos casos em que houver a violação da embalagem primária para administração no local e o paciente levar a sobra para sua residência, conforme determina o artigo 76 da RDC Anvisa nº 44/2009.

Após a inaloterapia, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.

A seguir são indicados os procedimentos para desinfecção do kit de inalação:

  1. Puxar a máscara;
  2. Desrosquear o cabeçote do recipiente;
  3. Puxar o anteparo do recipiente;
  4. Lavar as peças com detergente neutro;
  5. Colocar as peças em um recipiente com solução germicida (encontrado em farmácias e drogarias). Atentar que geralmente o tempo mínimo de imersão na solução germicida é de 1 hora.
  6. As soluções germicidas devem ser trocadas diariamente, devendo ser registrados o horário de diluição e a validade;
  7. Enxaguar todas as peças em água corrente;
  8. Secar as peças com um pano limpo, macio e isento de fiapos.

Perfuração de lóbulo auricular

A perfuração de lóbulo auricular para a colocação de brincos possui finalidade estética, podendo ser realizada em todas as idades. Recomenda-se que o farmacêutico somente perfure o lóbulo auricular de menores de idade quando acompanhados de seu responsável legal, mediante a assinatura de um termo de consentimento. Não existe a obrigatoriedade desse termo na RDC Anvisa nº 44/2009.

Equipamentos/Materiais necessários:

  • Aparelho para colocação (pistola) regularizado na Anvisa/MS;
  • Brincos estéreis regularizados na Anvisa/MS;
  • Luvas descartáveis;
  • Algodão;
  • Alcool 70% ou álcool swab;
  • Caneta marcadora;
  • Recipiente apropriado para descarte do material.

Procedimentos:

  1. Preparar o material necessário;
  2. Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
  3. Colocar as luvas descartáveis;
  4. Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
  5. Fazer a antissepsia do lóbulo auricular com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
  6. Fazer a demarcação com a caneta;
  7. Pedir que o usuário verifique se concorda com o local demarcado;
  8. Armar o aparelho (adaptação do brinco e tarraxa);
  9. Posicioná-lo no local demarcado (colocar a orelha entre o encaixe de tarraxa e o brinco, alinhando a ponta do pino do brinco com a marca na orelha);
  10. Disparar o aparelho;
  11. Orientar sobre procedimentos pós-perfuração.

Após a perfuração do lóbulo auricular, deve-se entregar a Declaração
de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.

Aferição de Temperatura Corporal

A temperatura corporal é a diferença entre a quantidade de calor produzida pelos processos corporais e a quantidade de calor perdida para o ambiente externo. Além disso, depende do local do corpo em que a temperatura é medida, hora do dia e nível de atividade do corpo.

Em humano, a temperatura corporal média é de 36,8 ºC, embora ela varie entre indivíduos e durante o dia.

Pode haver casos de aumento (febre) ou diminuição (hipotermia) da temperatura corpórea. No primeiro caso, a elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal é um mecanismo de defesa do corpo, fazendo parte de um processo patológico.

Desse modo, pode acarretar prejuízos em circunstâncias em que há aumento de consumo de oxigênio e do trabalho cardíaco em pacientes com doenças cardíacas, assim como quando ocorre a indução de crises convulsivas em crianças.

Já no segundo caso, pode haver sintomas como movimentos lentos, tempos de ração mais longo, mente confusa e alucinações. A tabela a seguir apresenta os parâmetros da temperatura axilar do corpo.

Tabela 1. Parâmetros da temperatura axilar do corpo

Ressaltamos que, no Estado de São Paulo, a utilização de termômetros de mercúrio foi proibida pela Lei Estadual nº 15.313/2014.

Equipamentos/Materiais necessários:

  • Termômetro clínico;
  • Algodão;
  • Álcool 70% ou álcool swab;
  • Lixeira com pedal e tampa revestida com saco plástico padrão da ABNT.

Procedimentos

  1. Preparar o material necessário;
  2. Lavar e fazer antissepsia das mãos, utilizando técnica apropriada;
  3. Explicar o procedimento ao paciente ou responsável (se for criança, procure tranquilizá-la);
  4. Fazer assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool 70% ou álcool swab;
  5. Esperar secar;
  6. Posicionar o termômetro abaixo da axila do paciente;
  7. Esperar o tempo necessário (média de 3 minutos – ou sinal sonoro);
  8. Promover a assepsia do termômetro antes de recolocá-lo na embalagem;
  9. Orientar o paciente sobre o resultado da aferição.

Após a aferição da temperatura corporal, deve-se entregar a Declaração de Serviços Farmacêuticos ao paciente e manter uma via no estabelecimento.

Próxima semana…

Na próxima semana encerraremos nossa série de artigos sobre atenção farmacêutica, falando sobre aferição de pressão, hipertensão arterial, etc.

Não percam!

Fonte: CRF – SP

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