A polifarmácia, representada pelo uso de cinco ou mais medicamentos por uma única pessoa, cresce cada vez mais na população idosa e traz graves riscos a essa parcela etária. Muitas vezes, por possuir mais de um problema de saúde, o idoso é submetido ao uso de drogas que podem ser mais maléficas do que benéficas à sua saúde.
O consumo de múltiplos remédios aumenta consideravelmente os riscos como toxidade cumulativas, erros, menor adesão ao tratamento das doenças e morbimortalidade. Também representa um aumento nos custos assistenciais com a saúde, incluindo o próprio custo para tratamento das repercussões advindas desse consumo. Além de efeitos adversos que aparecem apenas nos idosos (devido alterações fisiológicas do envelhecimento), a interação entre os remédios são os principais responsáveis pelos malefícios dessa prática.
O uso racional de agentes farmacológicos deve ser estimulado, principalmente aos idosos. Sabemos que o consumo desses remédios são essenciais para uma melhor qualidade de vida de pessoas portadoras de doenças, entretanto, a vulnerabilidade biológica dos idosos é conhecida, estudada e divulgada, e o consumo de medicamentos realizados por eles devem ser utilizados de maneira segura e consciente.
A polifarmácia inadequada, especialmente em pessoas idosas, impõe uma carga substancial de desfechos clínicos negativos, como riscos de queda, hospitalização e, até mesmo, a morte. O mais simples e importante indicador de prescrição inapropriada e risco de eventos adversos de drogas em idosos é o número de medicamentos prescritos.
O que é a desprescição?
A desprescrição é o processo de redução ou interrupção de drogas, visando minimizar a polifarmácia e melhorando os resultados do paciente. A evidência de eficácia para desprescrição é emergente de ensaios randomizados e estudos observacionais.
A desprescrição vem ganhando simpatia dos profissionais de saúde devido ao seu impacto clínico e econômico. Isso porque reflete em melhorias no estado de saúde do indivíduo, evitando o uso de medicamentos desnecessários.
Além disso, reduz complicações pelo uso crônico de medicamentos, diminui as chances de interações medicamentosas e reduz os custos com aquisição de medicações em longo prazo. A desprescrição é englobada dentro de um conjunto de intervenções que estão sendo revistas após uma análise minuciosa sobre a relação efetividade/segurança das terapias existentes.
Sendo assim, é fundamental que os profissionais de saúde compreendam seus propósitos e avaliem a possibilidade de adotá-la no tratamento de alguns pacientes, principalmente naqueles em uso de inibidores da bomba de prótons, benzodiazepínicos e antipsicóticos.
Propósito da desprescrição
Trata-se de uma avaliação clínica do profissional para reduzir ou suspender a utilização de medicamento que não traz benefícios reais ao paciente ou cujo uso crônico possa trazer doenças em longo prazo.
Exemplo disso é o uso dos inibidores da bomba de prótons com indicação de profilaxia de úlcera medicamentosa, prática contraindicada por novas pesquisas, pois complementam os riscos associados à demência, perda de vitamina B12 e outras reações adversas em pacientes em uso constante.
A desprescrição tem o propósito de racionalizar a terapia medicamentosa, selecionando aqueles itens que possuem maior efetividade clínica e menor risco de desenvolvimento de reações adversas conforme o perfil fisiopatológico do indivíduo.
No entanto, é preciso muito cuidado para não interromper abruptamente o uso de alguns medicamentos e causar reações adversas significativas nos pacientes. Dessa forma, as estratégias de desprescrição devem ser tão eficazes quanto às de prescrição de um medicamento.
Implicações da desprescrição
A desprescrição é uma forma de avaliar o uso de medicamentos considerados desnecessários no contexto da medicina personalizada, e formalizar uma nova relação terapêutica demonstrada pelo atendimento de um desejo do paciente ou de uma concordância com o médico em modificar o esquema terapêutico.
Muitos estudos têm demonstrado a desprescrição de anticoagulantes orais em pacientes com nível baixo de letramento em saúde e que não conseguem compreender que o uso crônico é importante para o tratamento.
O mesmo ocorre com a diminuição da prescrição de anti-hipertensivos em pacientes com doenças crônicas. Nesse sentido, é fundamental observar os sinais e sintomas apresentados pelo paciente e verificar se ele suportaria a falta da medicação.
Vantagens da desprescrição
O primeiro benefício é a suspensão de um medicamento desnecessário, como é o caso dos inibidores da bomba de prótons em pacientes polimedicados.
Especial atenção deve ser dada à desprescrição de pacientes idosos, que são mais afetados, uma vez que são acompanhados por diversos médicos e podem apresentar prescrições de medicamentos em duplicidade ou proscritos para a indicação clínica em questão.
Outro grupo de grande relevância nesse contexto são os indivíduos que não utilizam a medicação crônica conforme prescrito e por isso apresentam anormalidades sintomáticas e laboratoriais. E nesse caso, a sensibilização pela adesão é feita por mudanças comportamentais.
A desprescrição é uma ferramenta que vem sendo utilizada e questionada por diversos profissionais de saúde. Ela consiste em uma prática que precisa ser considerada no nível interdisciplinar para avaliação global do estado de saúde do paciente. Além disso, carece de muita atenção e cuidado para não gerar complicações ainda maiores no paciente com a suspensão do medicamento.
Fonte: Portal do envelhecimento e Blog do farmacêutico
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