Do ponto de vista da saúde pública, as farmácias são importantes locais para busca de atendimento e possível porta de entrada de pacientes no sistema de saúde. Os farmacêuticos são os profissionais de saúde mais disponíveis para a população em geral.

Neste contexto, os serviços farmacêuticos são tão relevantes para o cuidado ao paciente quanto os serviços providos por outros profissionais de saúde.

Isto proporciona aos farmacêuticos comunitários a oportunidade de prover aconselhamento aos pacientes, interagir e discutir suas necessidades, fornecer informação sobre medicamentos e sobre o cuidado de doenças, incluindo a busca de outros profissionais.

Portanto, suas ações apoiam o sistema de saúde e adquirem confiança pública.

Continuando o tema da semana passada, hoje vamos falar sobre como podemos melhoras o aconselhamento farmacêutico em sua farmácia.

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Recursos úteis para melhorar o aconselhamento farmacêutico

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Para alcançar melhores resultados no aconselhamento ao paciente, recomenda-se combinar informação oral e escrita. Como as bulas dos medicamentos muitas vezes podem não ser compreensíveis para os usuários, pode ser necessário o uso de outros materiais educativos para reforçar a comunicação e ter certeza de que o paciente sabe como utilizar seus medicamentos.

Os materiais desenvolvidos para o aconselhamento ou que são relatados na literatura incluem, por exemplo:

  • Slides de educação ao paciente, que podem ser apresentados durante as sessões de aconselhamento;
  • Panfletos educativos (instruções escritas ou impressas);
  • Materiais que auxiliam a adesão, tais como contadores, cortadores de comprimido, inaladores, monitores de glicemia, etc.;
  • Fichas de medicamentos, litando todos os medicamentos que o paciente está usando, com as respectivas posologias;
  • Imagens gráficas relacionadas com medicamentos podem ajudar na comunicação com alguns grupos de pessoas, especialmente se houver a barreira da língua ou linguagem, baixa habilidade de leitura ou deficiência visual.

É importante levar em consideração a falta de habilidade de leitura e deficiência visual do paciente quando for selecionar os materiais apropriados para o aconselhamento.

Deve ser criado um ambiente para conselhamento ao paciente. Este deverá contribuir para que o paciente se sinta confortável e propenso a pedir conselho. A farmácia deverá ter áreas, claramente demarcadas e identificadas para atividades de dispensação, venda ou fornecimento de produtos que não exigem prescrição e para outros itens específicos que possa comercializar.

Caso a área de dispensação não garantir privacidade suficiente, deve haver uma sala destinada ao aconselhamento. O ideal é uma sala com isolamento acústico, para garantir privacidade aos usuários.

Outra opção seria uma área separada, visivelmente identificada como “Área de Aconselhamento ao Paciente”, com uma viso indicando que o farmacêutico está disponível para este serviço.

Aspectos e informações a serem considerados no aconselhamento

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Na atividade de aconselhamento, os profissionais de saúde devem reconhecer cada paciente como ser humano único, com histórias de vida, problemas de saúde, contexto social e necessidades específicas.

Não existem roteiros ou manuais para se estabelecer um aconselhamento farmacêutico efetivo, mas algumas recomendações podem ser dadas para que este processo seja mais produtivo.

De acordo com o perfil de cada paciente, itens diferentes podem ser abordados, com maior ou menor ênfase, mas o conteúdo básico a ser enfocado deve abranger a discussão sobre as enfermidades apresentadas, seu tratamento e hábitos saudáveis de vida.

Durante o processo, é importante fazer com que o paciente reflita sobre os determinantes de sua saúde e de suas doenças e que compreenda sua participação ativa no processo terapêutico.

Com relação ao tratamento farmacológico, durante o aconselhamento o paciente deve receber informações objetivas como dose, duração do tratamento, forma de administração, uso de dispositivos, possíveis reações adversas, entre outras.

Deve também receber informações mais específicas como o porquê da utilização, os benefícios de seu uso e os riscos da não utilização. Deve-se avaliar o contexto social do paciente e sua rotina de vida e de trabalho. As percepções e crenças em relação à doença e ao tratamento também precisam ser investigadas.

Considerações finais sobre o aconselhamento farmacêutico

Apesar dos reconhecidos benefícios que o aconselhamento apropriado pode trazer ao paciente, pouca atenção é dada ao desenvolvimento de habilidades de comunicação, ponto fundamental para esta prática.

Contudo, é possível desenvolvê-las continuamente, por meio de educação permanente ou treinamento em serviço.

Além disso, algumas atitudes podem fazer a diferença e ser benéficas para mudar o cenário atual, como por exemplo, esquecer mitos sobre o comportamento passivo do paciente, adotar uma nova abordagem e centrar o atendimento no paciente.

Outro aspecto importante, que parece não ser corrente no Brasil, é o registro e documentação das atividades. É importante que os trabalhos em andamento, mesmo que incipientes, sejam divulgados por meio de artigos científicos ou comunicações breves em congressos.

Fonte: CFF

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