Medidas educativas dirigidas à população, para aumentar o conhecimento dos pacientes sobre sua enfermidade e melhorar a adesão ao tratamento, estão entre as estratégias para promoção do uso racional dos medicamentos. O aconselhamento farmacêutico, ao orientar o uso adequado dos fármacos, é uma destas medidas.
O que é o aconselhamento farmacêutico?
Aconselhamento farmacêutico é entendido como um processo individualizado de escuta ativa e centrado no paciente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, neste caso, farmacêutico e paciente, visando ao resgate dos recursos internos do indivíduo, para que este tenha possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação.
O aconselhamento objetiva fortalecer as habilidades do paciente na condução do seu tratamento e na solução de problemas para melhorar ou manter sua saúde e qualidade de vida.
Como funciona o aconselhamento farmacêutico
Na farmácia comunitária, o aconselhamento é um processo de troca de informações entre paciente e farmacêutico, em que este último orienta o primeiro sobre aspectos de cuidados em saúde e uso dos seus medicamentos.
De acordo com o entendimento atual, deve ser um processo interativo e bidirecional de comunicação, em que os participantes são convidados a dar respostas e a solicitar informações adicionais, se assim o desejarem.
Esta atividade traz grandes benefícios aos pacientes e proporciona maior reconhecimento ao farmacêutico; o paciente torna-se capaz de reconhecer a necessidade dos medicamentos para a manutenção de sua saúde e bem estar. Além disso, fortalece o relacionamento entre o profissional da saúde e o paciente, o que cria uma atmosfera de confiança e pode aumentar a adesão ao tratamento.
Embora haja entendimento corrente de que o objetivo do aconselhamento farmacêutico seja a promoção da adesão, esta abordagem está sendo substituída por um modelo mais recente de interação entre profissional da saúde e paciente, denominado concordância.
Concordância
A concordância é fundamentada em um novo conceito de transmissão de informação entre o farmacêutico e o paciente. Nesta abordagem, o papel do farmacêutico é apoiar o paciente na construção do seu próprio conhecimento e de atitudes com vistas ao uso dos seus medicamentos.
O paciente deve ser considerado como um conhecedor de sua própria doença e do medicamento utilizado, sendo orientado nesse sentido. Contudo, isto não minimiza o papel do farmacêutico como especialista no uso de medicamentos, mas, ao contrário, favorece uma significativa interação entre ele e o paciente, necessária para promover e apoiar o convívio adequado com a doença.
No aconselhamento ao paciente, o farmacêutico pode orientá-lo sobre o uso correto dos medicamentos prescritos e não prescritos, com vistas a melhorar os efeitos terapêuticos e reduzir a probabilidade de aparecimento de efeitos adversos e toxicidade.
Pode também informar sobre cuidados com a saúde e higiene de modo a revenir complicações e doenças e/ou melhorar seu estado geral. O aconselhamento pode ser focado em um paciente individual, geralmente com base em uma receita específica, ou ser direcionado a grupos de auto-ajuda, grupos de portadores de doenças específicas, turmas de escolares, associação de moradores ou outros.
O aconselhamento farmacêutico deve criar condições para que se estabeleça uma interação satisfatória em que não apenas sejam oferecidas informações, mas que também seja um espaço para que os pacientes verbalizem suas dúvidas, dificuldades e necessidades.
Os benefícios do aconselhamento farmacêutico ao paciente
O usuário de medicamentos necessita de aconselhamento farmacêutico e se mostra, em geral, amplamente receptivo ao mesmo.
Embora as ações de aconselhamento não sejam exclusivas dos farmacêuticos, como estes realizam a dispensação de medicamentos, têm a oportunidade e responsabilidade, inclusive ética, de aconselhar o paciente antes que ele inicie o tratamento.
O Quadro 1 abaixo apresenta os potenciais benefícios do aconselhamento às duas partes envolvidas.
Capacitação para o aconselhamento farmacêutico
No contexto atual da educação e capacitação farmacêuticas, de modo geral, a formação e qualificação em habilidade de comunicação e aconselhamento são deficientes. Essas são, contudo, necessárias para aconselhar, educar e motivar os usuários a respeito de seus medicamentos.
Assim, os cursos de graduação e de pós-graduação em farmácia deveriam conter em seu currículo mínimo estes dois fundamentos. Além do conteúdo inovador, o curso de formação para o aconselhamento deveria adotar metodologias apropriadas de ensino, como abordagens intelectualmente desafiadoras, práticas pedagógicas reflexivas, discussão de temas pertinentes e dramatização.
Conferências e leitura de textos de referência são recursos normalmente utilizados em cursos de formação. Adicionalmente, atividades de encenação de roteiros contendo boas práticas de aconselhamento e de comunicação, aprendizagem fundamentada na experiência por meio de encenação com pacientes, fictícios ou reais, em autêntico ambiente de farmácia, podem ser úteis.
Fonte: CFF
Próxima Semana…
Na semana que vem iremos falar sobre como melhorar o aconselhamento farmacêutico. Não percam!
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